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Após novo terremoto, Japão tem alerta de tsunami

Tremor foi de magnitude 5,8, segundo centro americano.
Na sexta, forte terremoto gerou tsunami que devastou país.

Da France Presse
Um novo terremoto foi sentido esta segunda-feira (hora local) por volta das 10h (22h de domingo, hora de Brasília), menos de três dias após o sismo mais forte da história do Japão, de magnitude 8,9. Quase uma hora depois, um alerta de tsunami foi emitido. A agência Kyodo citou uma autoridade dizendo que ondas de até três metros pderiam atingir a costa, incluindo a província de Fukushima.
O novo sismo teve magnitude 6,2 segundo a agência meteorológica japonesa e 5,8, segundo o Centro de Pesquisas Geológicas dos EUA (USGS). O epicentro deste novo terremoto foi registrado no mar, 150 km a nordeste de Tóquio, na província de Ibaraki, e fez balançar prédios altos na capital japonesa.
De acordo com o USGS, o abalo, uma das muitas réplicas do terremoto de sexta-feira, ocorreu a uma profundidade de 18 km.
O nível do mar se alterou levemente, mas segundo a agência meteorológica japonesa não há risco de tsunami.
O nordeste do Japão foi devastado na sexta-feira pelo maior terremoto já registrado no país, ao qual se seguiu um tsunami igualmente destruidor, que podem ter matado mais de 10 mil pessoas.
http://g1.globo.com/tsunami-no-pacifico/noticia/2011/03/novo-terremoto-e-sentido-em-toquio.html





 

Japão queimará escombros para produzir energia

Mesmo com melhora nas projeções e doação de petróleo do Kuwait, país precisará aumentar a oferta no verão.

Na cidade de Ofunato, Japão, pilha de troncos recuperados entre os escombros de uma madeireira (Dai Kurokawa/EFE) 

O Ministério da Agricultura do Japão planeja utilizar a madeira dos escombros deixados pelo terremoto e o posterior tsunami de 11 de março para gerar eletricidade, informou nesta terça-feira a emissora NHK.

O objetivo é compensar o déficit energético esperado para os quentes e úmidos meses de julho, agosto e setembro, quando o consumo de ar-condicionado dispara.

Pelos cálculos do ministério, o desastre deixou quase dois milhões de toneladas de escombros de madeira capazes de produzir cerca de 200 mil quilowatts de energia.

Seis usinas de geração elétrica da região de Tóquio e do norte do país demonstraram interesse em transformar os escombros em material próprio para queimar.

O orçamento para a reconstrução que o governo apresentará no fim deste mês no Parlamento (Dieta) inclui 2,5 milhões de euros para a compra de máquinas capazes de retirar os escombros.

Tóquio e seus arredores já sofreram cortes de eletricidade nos dias posteriores ao desastre que afetou a central de Fukushima, operada pela Tepco, e que também interrompeu as atividades em outras três usinas nucleares.

O governo estimou um déficit máximo de 15 milhões de quilowatts em regiões abastecidas pela Tepco se o verão deste ano for tão quente quanto o do ano passado.

Para atenuar o déficit, o governo japonês lançou no início deste mês um plano para limitar, no horário de pico durante o verão, o consumo de grandes e pequenos usuários em 25% e entre 15% e 20%, respectivamente.

Agora, a Administração estuda a revisão do planejamento, já que na última sexta-feira a Tepco melhorou suas previsões de produção.

Além disso, a agência Kyodo informou que o governo do Kuwait decidiu doar ao Japão cinco milhões de barris de petróleo, avaliados em 45 bilhões de ienes (383 milhões de euros).

O Japão, energeticamente muito dependente do exterior, importa quatro milhões de barris de petróleo por dia.
http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/para-produzir-energia-japao-queimara-escombros-de-desastre


  Guarujá multa Sabesp por vazamento de esgoto em praias
10 de janeiro de 2011
17h32 atualizado às 19h33

"Os vazamentos da rede esgoto da Sabesp levaram esses resíduos às galerias de águas pluviais (por onde escoam as águas das chuvas) da Prefeitura. A primeira acabou atingindo a Praia de Pitangueiras. Na segunda, o corpo receptor levou os dejetos à Enseada", explicou Lopes.
Conforme a prefeitura, a Sabesp foi multada duas vezes na última semana por causa dos vazamentos - primeiro em R$ 101 mil e depois em R$ 202 mil, valor duplicado por conta da reincidência.
Uma nota foi divulgada pela Sabesp afirmando que "o problema central foi que na semana passada toda cidade alagou pelo recorde de chuvas. O fator complicador foi que com as ruas alagadas, parte da população abriu as tampas das redes de esgoto (PVs) acreditando que isso facilitaria o escoamento da água de chuva. Em alguns casos, essa atitude congestionou pontos da rede de esgoto".
A Sabesp pediu que a população não abra os poços de visita das redes de esgoto para evitar novos transtornos e qualquer tipo de acidente. A nota afirma ainda que "desde o ano passado, a Sabesp e a prefeitura do Guarujá desenvolvem o Programa Canal Limpo no município para que sejam regularizadas as ligações de rede de esgoto dos imóveis".
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4882429-EI714,00-Guaruja+multa+Sabesp+por+vazamento+de+esgoto+em+praias.html





 Desmatamento leva à descoberta e extinção de espécies na Amazônia
27 de dezembro de 2010 16h48 atualizado às 17h11

Na Amazônia peruana uma espécie de ave é descoberta ao ano e uma de mamífero a cada quatro, mas paradoxalmente cada nova descoberta faz parte de uma tragédia, pois ocorre devido ao desmatamento realizado por empresas de petróleo, mineradoras e madeireiras. Por isso, em muitos casos, a descoberta de uma nova espécie caminha lado a lado com o começo de sua extinção.
"As descobertas de aves, mamíferos e outras espécies na maioria ocorrem devido não a uma pesquisa científica, que custa muito dinheiro, mas pela presença de empresas petroleiras, mineradoras e de corte de árvores", disse Michael Valqui, da ONG conservacionista Fundo Mundial para a Natureza (WWF-Peru).
"Este tipo de descoberta põe em risco a espécie que se descobre, já que pode entrar em risco de extinção porque este lugar é seu único hábitat, devido ao clima ou bacia", acrescentou Valqui.
Entre as novas espécies descobertas nos últimos cinco anos estão a rã "Ranitomeya amazonica", com coloração de fogo na cabeça e patas azuis, o papagaio-de-testa-branca e o beija-flor-de-colar-púrpura.
O Peru é o quarto país do mundo em extensão florestal, com 700.000 km2 de florestas tropicais amazônicas, que contribuem para reduzir o aquecimento global e abrigam grande biodiversidade.
Em outubro, mais de 1.200 novas espécies foram apresentadas em uma cúpula das Nações Unidas sobre biodiversidade. Delas, cerca de 200 foram descobertas na Amazônia peruana.
A região tem 25.000 espécies de plantas - 10% do total mundial - e é o segundo lugar do mundo com mais diversidade de aves, abrigando 1.800 espécies. Também ocupa o quinto lugar do mundo no que diz respeito à diversidade de mamíferos (515 espécies) e répteis (418 espécies).
Para Ernesto Ráez, diretor do Centro para a Sustentabilidade Ambiental da Universidade Cayetano Heredia, de Lima, "o número de espécies que desaparece para sempre no mundo todos os dias é muito superior ao número de espécies que descobrimos todos os dias".
"Há espécies, em outras palavras, que desapareceram antes que as tenhamos conhecido", afirmou Ráez.
A Amazônia peruana deve fazer frente a um agressivo programa estatal de exploração petroleira e mineradora, que tem confrontado o governo e as comunidades indígenas do local.
"Uma empresa mineradora ou de hidrocarbonetos não é, em si mesma, destrutiva; a chave é se é limpa ou não", explicou Gérard Hérail, do Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento de Lima (IRD, na sigla em francês).
Segundo os cientistas, a lagartixa de Lima, um animal de hábitos noturnos encontrado apenas em "huacas" (santuários arqueológicos) da capital peruana, está prestes a se extinguir, enquanto outras espécies já desapareceram, como o rato endêmico da "lomas" ou encostas ("Calomys sp", um ratinho orelhudo).
"Os arqueólogos, ao limpar as "huacas" para sua restauração, destroem o hábitat da lagartixa de apenas dois a três centímetros, com cor avermelhada, que vive nos recantos e locais escuros do local", disse Valqui, do WWF-Peru.
Em 2009, o governo propôs, perante um organismo internacional sobre mudanças climáticas a preservação de 540.000 km2 de florestas e reverter processos de corte e queima para reduzir o desmatamento.
Atualmente, há no Peru 70 áreas naturais protegidas, que ocupam 200.000 km2, 15% do território nacional.
No entanto, "faltam sinais claros para dizer até onde o país vai na defesa de sua biodiversidade", disse Iván Lanegra, defensor adjunto para o Meio Ambiente da Defensoria do Povo.
Para Nicolás Quinte, biólogo guia do Parque Nacional do Manu, no Amazonas, deve-se promover "as atividades que não sejam claramente extrativistas, mas também produtivas e que sejam sustentáveis com o passar do tempo. Uma delas pode ser o turismo que usa a floresta sem destruí-la".
http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI4861756-EI238,00-Desmatamento+leva+a+descoberta+e+extincao+de+especies+na+Amazonia.html



Planeta pode estar próximo de sofrer nova extinção em massa

Estudo indica que três quartos de espécies podem desaparecer entre 3 e 22 séculos

03 de março de 2011 | 13h 04
 

O declínio nas populações de muitas espécies animais, de peixes a tigres, fez alguns cientistas alertarem uma possível extinção em massa na Terra, assim como as que ocorreram cinco vezes durante os últimos 540 milhões anos. Cada uma dessas "Grandes Cinco" extinguiu três quartos ou mais de todas as espécies animais.
Em um estudo publicado na edição desta quinta-feira, 3, da revista Nature, paleobiólogos da Universidade da Califórnia, Berkeley, avaliaram como os mamíferos e outras espécies estão hoje em termos de possível extinção, em comparação com os últimos 540 milhões de anos, e encontraram motivos para esperança e também preocupação.
Segundo o principal autor Anthony D. Barnosky, professor de biologia integrativa da UC Berkeley, ao olhar os mamíferos em risco crítico - aqueles em risco de extinção é de pelo menos 50% num prazo de três gerações - e assumir a possibilidade de que poderão estar extintos dentro de mil anos, uma variação fora do normal, pode apontar para uma extinção em massa.
Barnosky argumenta que se espécies atualmente ameaçadas - aquelas oficialmente classificadas como em perigo crítico, em perigo e vulneráveis - realmente forem extintas, e que tal taxa de extinção persistir, uma sexta extinção em massa pode ocorrer dentro de 3 a 22 séculos.
Assim mesmo, o autor acrescentou que ainda não é tarde para salvar essas espécies em risco crítico. Isso exigiria lidar com uma grande lista de ameaças, incluindo a degradação de habitats, espécies invasoras, doenças e aquecimento global. De acordo com Barnosky, apenas 1% a 2% de todas as espécies foram extintas até o momento, mas o que indica que estamos no caminho rumo à extinção em massa. 

 http://www.estadao.com.br/noticias/vida,planeta-pode-estar-proximo-de-sofrer-nova-extincao-em-massa,687167,0.htm

Filhote de peixe-boi sem a mãe é resgatado no Amazonas

Animal foi encontrado em comunidade de Iranduba (AM).
Mamífero aquático é o primeiro a chegar a instituto em Manaus em 2011.
Do Globo Amazônia, em São Paulo


 

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), sediado na capital do Amazonas, recebeu nesta segunda-feira (3) o primeiro filhote de peixe-boi resgatado este ano. O animal foi encontrado sem a mãe por um barqueiro, numa comunidade do município de Iranduba, na região metropolitana de Manaus. (Foto: Divulgação)

http://www.globoamazonia.com/Amazonia/0,,MUL1639211-16052,00-FILHOTE+DE+PEIXEBOI+SEM+A+MAE+E+RESGATADO+NO+AMAZONAS.html

Emissões de gás carbônico em São Paulo vão dobrar até 2035

Meta do Estado é reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 20% até 2020, em relação aos níveis de 2005

20 de abril de 2011 | 12h 43

Agência Brasil
São Paulo - O estado de São Paulo tem, desde 2009, uma das leis mais ambiciosas para o combate ao aquecimento global. A legislação prevê que as emissões de gases causadores de efeito estufa caiam em 20% até 2020 comparados aos níveis de 2005. Cumpri-la, porém, é um desafio. O próprio governo paulista já prevê que a quantidade de dióxido de carbono (CO2) emitida no estado vá crescer pelo menos 55% de 2005 a 2020. Até 2035, as emissões devem mais que dobrar.



Transporte particular é um dos principais problemas para a redução dos gases do efeito estufa
Essas estimativas constam do estudo Matriz Energética do Estado de São Paulo - 2035, da Secretaria de Energia estadual. Nele, as contas mais otimistas indicam que 85 milhões de toneladas de CO2 serão jogadas na atmosfera por atividades desenvolvidas no estado em 2020. Em 2005, eram cerca de 55 milhões de toneladas - 30 milhões de toneladas a menos. Já em 2035, serão mais de 120 milhões de toneladas de CO2 emitidas no estado. Isso representa um incremento de cerca de 120% na comparação com as emissões de 2005.
Esses números foram apresentados na primeira reunião do Conselho Estadual de Política Energética do Estado de São Paulo, ocorrida no final do mês passado. Os dados já levam em consideração todas as políticas públicas estaduais anunciadas para redução das emissões de CO2.
O Plano Integrado de Transportes Urbanos 2005 a 2025 (Pitu), que prevê a maior utilização do transporte coletivo, por exemplo, já foi considerado na estimativa. Também foram levados em conta os ganhos de produtividade da indústria e da agricultura, assim como a redução do uso de combustíveis fósseis como a gasolina e o diesel.
Para o pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Sérgio Valdir Balay, os resultados do estudo mostram a urgência de novas políticas para redução das emissões. Segundo ele, caso o estado queira mesmo cumprir a lei, terá de tomar medidas "ousadas" e "mexer com o hábito das pessoas".
"Precisaríamos reduzir o uso dos automóveis, já que o transporte é o maior responsável pelas emissões. As grandes empresas e o próprio Poder Público também teriam que reduzir suas emissões", disse Balay, em entrevista à Agência Brasil.
O pesquisador afirmou que a meta de 20% de queda das emissões ainda é factível, mas parece ter sido estipulada sem os critérios necessários. "Os políticos adoram tomar decisões sem fazer um planejamento técnico", criticou. "O que aconteceu [com as metas] foi isso."
A Agência Brasil entrou em contato com a Secretaria de Energia, responsável pelo estudo sobre as emissões de CO2. O órgão, porém, não se pronunciou sobre o assunto.
Já a Secretaria do Meio Ambiente informou, em nota, que a meta de 20% de redução será "seguida". De acordo com o órgão, o estudo da Secretaria de Energia "é baseado em modelo matemático" e "está sujeito a deixar de fora variáveis".
A pasta informou também que o Conselho Estadual de Política Energética já estabeleceu um plano de trabalho para estruturar medidas adicionais de redução de emissões dos gases de efeito estufa. "O processo da construção de como o governo cumprirá a meta será feito em discussão com a sociedade civil, órgãos de governo e setor privado", complementou.

http://www.estadao.com.br/noticias/vida,emissoes-de-gas-carbonico-em-sao-paulo-vao-dobrar-ate-2035,708882,0.htm

Código ameaça 200 mil km 2 de mata

Essa é a área que pode ser desmatada se recuperação de reserva legal for abolida

22 de abril de 2011 | 0h 00

Marta Salomon / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
Uma área quase do tamanho do Estado de São Paulo é a extensão de vegetação nativa no País que pode ser liberada da exigência de proteção em consequência da proposta mais polêmica da reforma do Código Florestal, que será objeto de disputa de votos entre deputados. A votação no plenário da Câmara está prevista para o início de maio.
Anteontem, em entrevista ao Estado, o relator Aldo Rebelo (PC do B-SP) afirmou que não abre mão de submeter a voto a proposta que isenta da recuperação da reserva legal as áreas até quatro módulos fiscais em todas as propriedades rurais do País.
Essa medida varia de município a município, entre 20 hectares e 400 hectares. A lei exige que os proprietários mantenham a vegetação nativa numa proporção entre 20% e 80% dos imóveis rurais. O impacto da proposta de Aldo Rebelo é maior na Amazônia, onde o percentual de proteção e o tamanho dos módulos fiscais são maiores.
A proposta não conta com o aval do governo. Aldo Rebelo, que classifica a posição como "capricho", avalia que o governo perderá na disputa de votos em plenário. Na base governista, a proposta fechada no Palácio do Planalto enfrenta dificuldades nesse ponto. É forte a pressão da bancada ruralista, que defende a isenção de reserva legal.
Levantamento. Estudo feito por técnicos do governo com base em informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que há quase 4,6 milhões de propriedades no Brasil com até quatro módulos fiscais. Elas detêm cerca de 36 milhões de hectares (ou 360 mil quilômetros quadrados). Nas médias e grandes propriedades, a área dispensada de reserva legal alcançaria mais 16,8 milhões de hectares (ou 160 mil quilômetros quadrados).
O levantamento indica que cerca de 50% dessas terras já estejam desmatadas. O fim da exigência de recuperar a reserva legal ameaçaria cerca de 200 mil quilômetros quadrados, numa contabilidade conservadora.
Para os técnicos, que prepararam o estudo para apresentação aos políticos da base governista, há riscos indiretos provocados pela proposta de Aldo Rebelo, como a possibilidade de fracionamento de grandes e médias propriedades. Com isso, o desmatamento de áreas com vegetação nativa poderia aumentar, para acomodar a expansão do agronegócio no País.
A Região Norte é a mais ameaçada com a medida. A Amazônia também é responsável pela maior parte do atendimento do compromisso de redução das emissões de gases de efeito estufa no Brasil.
Acordo feito para a votação do Código Florestal prevê que 95% dos produtores rurais do País deixariam a situação de irregularidade, por meio de medidas que flexibilizam as regras de proteção do meio ambiente em vigor atualmente.

Tópicos: , Vida, Versão impressa
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110422/not_imp709438,0.php


Anistia numa mão, motosserra na outra

qua, 06/04/11
por bcamara |
categoria Uncategorized
Animados – e confundidos – com a promessa de que a mudança no Código Florestal vai perdoar quem desmatou, alguns produtores estão botando suas motosserras para trabalhar dobrado na Amazônia. Segundo o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano Evaristo, eles nem esperaram acabar a estação das chuvas, quando tradicionalmente as taxas de derrubadas são bem mais baixas: começaram a pôr floresta abaixo desde novembro, “debaixo de chuva, de qualquer jeito”.
“Há na região a impressão de que o novo Código Florestal vai regularizar as propriedades ilegais. E essa expectativa vem estimulando a abertura de novas frentes. Ouvimos produtores flagrados por desmatamento dizerem abertamente que estavam desmatando porque o Código Florestal será votado esta semana e vai anistiar todo mundo”, disse Evaristo à Agência Brasil.
Nesta terça-feira, as organizações do agronegócio levaram milhares de pessoas para a frente do Congresso a fim de pressionar os deputados a votarem logo o projeto de lei. As entidades que representam a agricultura familiar marcaram para esta quinta-feira uma nova manifestação, contrária à posição da grande agricultura. Responsáveis por levar cerca de 75% da comida à mesa do brasileiro, os pequenos vão dizer o que a própria ciência já disse: não é necessário mais desmatar para produzir.
http://g1.globo.com/platb/natureza-greenpeace


Boto-cor-de-rosa vive sob ameaça na Amazônia

Pescadores ignoram simbolismo do golfinho típico da região usando-o como isca para apanhar o peixe-gato, muito procurado no Brasil e na Colômbia

22 de abril de 2011 | 0h 00

Alexei Barrionuevo, The New York Times - O Estado de S.Paulo
Ao longo dos rios da Floresta Amazônica, as pessoas ainda contam lendas nas quais os botos-cor-de-rosa são criaturas mágicas capazes de se transformar em homens e engravidar as mulheres. Mas, para Ronan Benício Rego, um pescador do pequeno vilarejo de Igarapé do Rosa, a três horas de barco de Santarém (PA), os botos-cor-de-rosa são ao mesmo tempo seus rivais e suas presas.


                                              Lalo de Almeida/The New York Times-24/2/2011
Alvo. Botos-cor-de-rosa nadam no Rio Amazonas: centenas entre os 30 mil que habitam a região são mortos anualmente
De pé sobre as lamacentas margens do Rio Tapajós, ele diz que já matou botos muitas vezes, usando-os como isca para apanhar o peixe-gato, que é vendido a consumidores no Brasil e na Colômbia. "Queremos ganhar dinheiro", disse Rego, 43 anos, presidente da comunidade local. Num único dia de pesca, dois botos mortos podem render o equivalente a US$ 2.400 sob a forma de vendas de peixe-gato.
A caça ilegal aos botos está aumentando na região, ameaçando um dos símbolos históricos da Amazônia e ilustrando o desafio de se fazer cumprir a lei ambiental num território tão vasto. Centenas ou até milhares dos cerca de 30 mil botos da Amazônia são mortos todos os anos.
Miguel Miguéis, 41 anos, pesquisador português da Universidade Federal do Pará Ocidental que estuda as populações de botos em torno de Santarém, disse que o alto índice de mortalidade pode levar à extinção do animal. "Eles estão assassinando sua cultura, seu próprio folclore", disse Miguéis. "Estão assassinando a Amazônia."
Na reserva ambiental do Rio Trombetas, muitas horas de viagem rio acima, onde os botos nadam num afluente do Amazonas cheio de piranhas e jacarés, Miguéis disse ter testemunhado uma drástica redução na população desses animais, que eram cerca de 250 em 2009 e hoje não passam de 50 espécimes.
As leis ambientais brasileiras proíbem especificamente a caça aos botos e a muitos outros animais silvestres. Os infratores podem enfrentar penas que chegam a quatro anos de detenção. Mas observar o cumprimento da lei na vasta região amazônica é um imenso desafio para o Ibama, a agência brasileira de proteção ambiental, que conta com 1.300 agentes para cobrir todo o território do País. Sozinha, a Amazônia brasileira é maior do que a Índia.
Em Igarapé, no coração da Amazônia brasileira, muitos demonstram indiferença diante da morte dos botos. Em Santarém, num mercado a céu aberto, vendedores oferecem os órgãos sexuais dos botos abatidos como talismãs do amor e do sexo. Jarras de óleo da gordura do boto jazem ao lado de óleos de cobras e jacarés. A poção de óleo de boto, cujo frasco pequeno é vendido por cerca de US$ 25, é usada no tratamento do reumatismo, de acordo com a explicação da vendedora.
Miguéis, o biólogo português, está desde 2005 numa cruzada para proteger os botos e identificar seus assassinos. Ele identificou vários pequenos vilarejos nos arredores de Santarém onde os pescadores estavam matando os botos com o objetivo de atrair o peixe-gato. Os pescadores vendem o que caçam a cooperativas locais, que então exportam o peixe-gato para a Colômbia e para outros países, disse ele. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110422/not_imp709439,0.php